Quais as "desvantagens" (se houverem) de nacionalidade por aquisição versus atribuição?

Caros,

Antes de mais nada, queria parabenizar os criadores e participantes do fórum. De longe -- e põe longe nisso! -- o mesmo tem a melhor informação na Internet (e provavelmente fora da mesma) no que tange à cidadania portuguesa.

Escrevo com uma dúvida que, após várias buscas, não consegui sanar: para além da "não comunicabilidade" da cidadania portuguesa para os filhos, existe alguma outra "desvantagem" da cidadania conquistada por "Aquisição" versus a conquistada por "Atribuição"?

Contexto: sou casado (há mais de 20 anos) com portuguesa; adicionalmente, tanto meu pai quanto mãe são netos de portugueses e portanto acho que eu poderia "escolher" entre os dois tipos de processo.

No meu caso, como meus filhos *já são portugueses*, entendo que optar pelo processo de aquisição (pelo casamento) seria muito mais lógico do que pelo de atribuição. Me parece que tentar via atribuição será mais custoso e mais demorado (dado necessidade de obter certidões em Portugal, transcrever casamento de algum dos meus avôs, de pagar pelo processo de um dos meus pais, transcrever casamento deles, etc., etc.; tudo isso gerando demoras e custos adicionais)... mas não tenho certeza de estar tomando a decisão certa.

Assumindo que único óbice é a 'não-comunicabilidade', (está correto?) me pareceria "quase óbvio" optar pela "aquisição". Pergunta é se há algo que eu não esteja levando em conta aqui (?)

Obrigado!

Comentários

  • @alaxs

    Eu lhe respondi em uma Mensagem Privada. (envelope no canto direito superior)

    Como diria O Pequeno Príncipe, ao final do Cap.21 (pag.53) "O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar." "https://umaviagempedagogica.files.wordpress.com/2017/01/o_pequeno_prc3adncipe_ilustrado.pdf"

  • Muitíssimo obrigado Gandalf. Mais claro, impossível. Boa a citação de Saint-Exupéry!

  • @alaxs

    Em minha argumentação anterior eu evitei o óbvio.

    As dificuldades que poderiam advir da sua primeira nacionalidade derivada permaneceriam, simplesmente pelo fato de ter sido requerida.

    Considere que o objetivo é garantir o direito enquanto ele está disponível. Enquanto seu pai está vivo, fazendo a atribuição dele garante a próxima geração. Se ele vier a falecer muda tudo, e você só poderá tentar como neto. É outro tipo de processo, e não é automático.

    Além das coisas mais sutis que você não levava em conta, aqui vai uma análise do óbvio também de casamento X filho.

    1) Nacionalidade derivada não pode ser transmitir aos filhos, caso você venha a contrair segundo matrimônio. Foi sua tese original.

    Você sempre pode pedir a conversão da nacionalidade derivada em originária, restaurando assim o direito a transmitir aos descendentes. Portanto esse não seria o fator determinante. Mas lembre-se de que somente em vida, tanto de seu pai, como sua.

    Nacionalidade como filho é garantida pelo direito de sangue (jus sanguinis). Tem ou não tem o direito. Não tem outra base para ser negada.

    Todas as outras modalidades são condicionais: dependem da prova de vínculo, nada-consta criminal, conhecimento da língua, etc. Tem que passar por um processo de aprovação diferente, e ser negado. Depois vai julgar se tem ou não o direito.

    2) Sua argumentação se baseou no custo de obtenção dos documentos, e a demora. Você pode se surpreender.

    O tempo seria similar. Atribuição para seu pai e você, 1 ano cada. Aquisição pelo casamento leva 2+ anos.

    O custo de fazer pelo casamento €450, ou de fazer 2 gerações como filho €430 é tecnicamente o mesmo.

    • Casamento €450 total (€250 taxa, mais €120 de transcrição, mais 2X €40 de remessa, mais os documentos brasileiros);
    • Atribuição €430 total (€175 taxa, mais €40 de remessa, mais os documentos brasileiros, 2X);
    • os documentos brasileiros vão custar +- o mesmo: casamento requer muito mais docs = atribuições que seriam duas;
    • para o casamento, a transcrição é obrigatória (a análise de custo geral não considera que vc ja pode ter feito a sua);
    • para atribuição, a transcrição pode ser dispensada em certos casos, e você e seu pai provavelmente se qualificam.

    E a pergunta: você ainda acha óbvio que deveria optar pela aquisição pelo casamento?

  • @gandalf

    Excelente explanação. Todavia, surgiu uma dúvida, tanto o pai quanto a mãe são netos. Logo, o processo inicial tende a ser tão demorado quanto o de casamento ou entendi errado?

    Quanto aos custos e as vantagens você alertou para pontos que passavam despercebidos a mim.

  • @gandalf : obrigado pelas considerações adicionais -- fazem todo sentido; bastante claro o "risco" potencial de ser buscar uma nacionalidade por aquisição, mesmo que 'transformada' posteriormente, por convolação, em nacionalidade por atribuição.

    @Marcelo_Livreiro : exato; os netos são meus pais, não eu. E portanto mesmo meu pai e/ou mãe teriam de provar efetiva conexão, etc. em processo provavelmente longo (e onde provar tal efetiva conexão seria difícil para eles).

    Após ler e reler as considerações do Gandalf e pensar com meus botões, me parece que o mais lógico é esperar para ver se a necessidade de 'efetiva conexão' para netos realmente cai com a nova lei. Caso sim, parece claro que melhor caminho é obter a atribuição para meu pai e/ou minha mãe e na sequência, a atribuição para mim. Caso não -- e/ou caso essa mudança demore muito, digamos, que passe um ano e nada -- daí, por segurança, talvez melhor dar início ao processo via aquisição por casamento...

  • @alaxs , se fizer a atribuição, opte em fazer a de quem foi o declarante no seu nascimento. Facilita sobremaneira.

    Quanto ao fim da comprovação de laços efetivos para netos, acompanhe por aqui:

    https://forum.cidadaniaportuguesa.com/discussion/16191/alteracao-na-lei-de-nacionalidade-para-netos-fim-da-ligacao-efetiva-com-portugal#latest"

  • @alaxs

    Está muito próximo dessa mudança se concretizar e as vantagens demonstradas por @gandalf nai deixam dúvida que será mais proveitoso seguir esse caminho de netos.


    Boa sorte !

  • @alaxs @Marcelo_Livreiro

    De fato. Como neto muda um pouco as coisas. O tempo tende a ser maior que 1 ano. Mas garantir o direito da geração seguinte é a essência de meu argumento.

    Refaça as contas, olhando não apenas pelo custo, mas pelo benefício.

  • @gandalf

    Concordo com seu ponto de vista.

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