Troca de nome no Brasil: imigração clandestina? Passaporte falso?
Pessoal, vocês saberiam dizer em que casos os imigrantes trocavam de nome e/ou datas de nascimento quando chegavam no Brasil? Passaporte falso, talvez?
Trabalho no meu Family Search há uns 2 anos, tendo, inclusive, senha especial que consegue ver muitos registros que o usuário comum não consegue, mas minha bisavó simplesmente não "existe" em Portugal!
Ela emigrou ao Brasil (RJ) em 1926 - em Portugal, acho seus pais, as certidões de batismo e casamento dos pais, seus outros muitos irmãos depois dela, seus avós, bisavós (tudo dentro da mesma freguesia / aldeia), e com pouquíssimo espaço de tempo entre um e outro (poucos meses) - até batismos de outras crianças cujos pais dela foram padrinhos! Mas ela, NADA!
Já folheei 10 anos dos livros de nascimento da aldeia e proximidades, e nada - não bate nome nem data de nascimento!
Já fui na conservatória em Portugal pessoalmente, e nada! O primeiro "documento" que eu acho é sua certidão de casamento já no Brasil, em 1933, mas o cartório não possui mais nada de documentação de habilitações antigas!
O mais curioso é que ela nunca se naturalizou, tendo, inclusive, tirado um passaporte português no consulado do RJ em 1970 para visitar Portugal, com os mesmos dados (pais, freguesia e data de nascimento) com os quais não acho NADA em Portugal!
O problema mesmo é que todos os documentos são unânimes, e, quando faço a pesquisa de antepassados e irmãos, tanto por parte de pai e de mãe, acho tudo naquele lugar mesmo, Ela, e apenas ela, é que não existe! Mistério total, rs!
Algum palpite do que possa ter acontecido? Será que a vida toda dela desde que chegou ao Brasil foi pautada em cima de um passaporte falso, que nunca foi descoberto? Preciso de outras ideias pra pensar melhor, rs!
P.S.: Essa minha bisavó tem uma irmã, de nome Diolinda, que nasceu em 1909 (e ela em 1906), do mesmo pai e mesma mãe, que ninguém nunca ouviu falar, nem mesmo a minha bisavó falava! Eu já desconfio que essa Diolinda é ela, que tirou um passaporte falso com outro nome e data de nascimento anterior para poder "virar" maior de idade, já que ela emigrou absolutamente sozinha para o Brasil! Como ela sempre dizia que veio no porão do navio, eu acredito que tenha vindo clandestina mesmo, com um passaporte que forneceram a ela (ela era tão pobre, ignorante e analfabeta, que acredito que nem sabia tratar-se de algo ilegal), porque na lista de desembarque consta certinho uma "Rita de Jesus", com a idade batendo com a que está constando em todos os documentos brasileiros.
Comentários
@Glaucia_Marruá
Eu vi na árvore que você fez que o casamento dos pais de Rita foi em 1907. Nesse casamento há alguma menção a filhos nascidos antes do casamento, já que o nascimento de Rita consta como 1906? às vezes o assento de casamento menciona isso; às vezes não.
Talvez Rita apareça no batismo como filha de só um dos pais, se ela realmente nasceu em 1906 e os pais casaram em 1907. Uma outra possibilidade, mais rara, é ela ter sido "exposta" (deixada pela mãe, pai ou algum parente) como bebê e batizada como tal. Havia casos em que a família depois "recuperava" a criança exposta se as condições da família permitissem isso,
Tem alguma "Rita" batizada nessa freguesia que não tem nomes de um ou ambos os pais, ou como exposta que poderia se encaixar mais ou menos pelas datas que tem?
@CarlosASP, primeiramente, obrigada pela ajuda!
Vou postar abaixo o print do assento do casamento dos pais dela. Infelizmente, não consta nada sobre filhos. Só diz que ambos eram solteiros. Sobre esse casamento, a pergunta que eu faço é: será que o padre de uma aldeia tão pequena como a que os pais dela casaram, casariam ambos sabendo que a moça teve uma filha antes? Isso seria possível?
Já pensei também nessa possibilidade de o pai não ter registrado (como aconteceu com o meu bisavô), até porque o sebrenome dela é só "de Jesus" (por parte da mãe), mas ao fazer as pesquisas desse modo, também não acho nada.
Sobre ela ser exposta: você saberia dizer como isso era colocado nas certidões de batismo? Porque há, sim, um assento de batismo bem suspeito em 1906, com uma criança de nome LEONIDA, e cujo padrinho foi o pai dela, Belarmino dos Santos. No final desse assento, há alguma coisa sobre "temendo aos padrinhos, declara ser Leonida sua filha para todos os efeitos legais". Ao folhear os livros, não vi isso em nenhum outro assento daquela época, só este mesmo! Segue o print deste batismo também.
Como eu disse, eu também fui pessoalmente à Conservatória de Sernancelhe, e a titular do cartório pesquisou por todas as "Ritas" nascidas àquela época nos registros online, mas nenhuma batia, minimamente, e todas antes de 1900.
À título de curiosidade, vou colocar, também, o print do assento da tal DIOLINDA que citei, e que só achei folheando o livro físico lá em Sernancelhe também (online, pelo Familysearch, só acho até 1908). Esta Diolinda, sim, é filha de ambos, mas nascida em 1909 e minha bisavó jamais falou dela (fui criada pela minha bisavó, até os meus 21 anos).
@Glaucia_Marruá
Sobre a Leonida, ela parece ser realmente só afilhada de Belarmino. Nesse batismo constam os nomes dos pais dela. O texto no final diz que "tomando por testemunha" o Belarmino, o pai da criança (Jose Matteos) a reconhece como sua filha.
Um batismo de uma criança exposta iria constar claramente o termo "exposto/a". Em algumas freguesias maiores, tem até um livro separado para expostos. Em menores, tende a estar tudo junto.
Sobre a Diolinda, não é raro parentes não saberem sobre alguns irmãos. Muitas vezes a criança falecia bem nova, às vezes até dias após nascer e acaba "desconhecida" dos outros.
@CarlosASP, nossa... Que mistério! Acho que só uma sessão espírita poderia desvendar, rs! De qualquer forma, muito obrigada pela ajuda!
@CarlosASP, esqueci de mencionar que esse José Matteos, pai da Leonida, era o tio da mãe da Rita (Virgínia).
Esse assento da Leonida me chama muito a atenção por estar tudo "em família". Belarmino (pai da minha bisavó) como padrinho, e José Matteos (tio-avô da minha bisavó por parte de mãe - Virgínia) como pai.
Fora essa última parte do "temendo" que não vi em assento nenhum, lavrada pelo mesmo padre dos outros assentos.
@Glaucia_Marruá
Mas não é o verbo "temer". É o verbo "tomar". É "tomando o testemunho" do Belarmino. O Belarmino está testemunhando que Leonida é filha do José Matteos.
Não é comum nos outros assentos, pois em geral a criança aparecia como legítima (filha de pais casados entre em si), ou acabava aparecendo com pai ou mãe "incógnito". Ou, no caso de abandono por ambos os pais, como "exposta".